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terça-feira, 26 de maio de 2015

Tanto ar
de artista
Tanta rima
chovinista

Na deciclopédia
da intelectualidade
Tudo vira média

O seu currículo
A sua idade

O admirável mundo novo
da inteligência crítica
da profundidade

O erudito
a universidade

O analfabeto
a oportunidade

Chuva retórica
de argumentações implacáveis

Discussões intermináveis
de tudo
que gostaríamos de saber



Já pensei milhares de formas
para deixar momentos como esse
passarem mais rápidos
Desses momentos
que privadas
sempre fedem a mijo
e há merda sempre
 grudada dentro

Dizem que mal comecei
a conhecer a vida

Dizem que comer bem
e não usar drogas
 é bom a nossa saúde
Mas a merda
e as palavras
 são sempre tão nojentas

Já pensei em várias formas
de tentar fazer diferente
Mas quem disse
que essa vida é minha?

Já tentei
ser tão lúcido
que enlouqueci
Tão sóbrio
que me embriaguei

Ontem
prometi que não beberia por uma semana
Hoje
são quase 18h
e em 24 horas
mais de uma semana se passou

Vou descer

e comprar uma cerveja.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Tua cabeça complexada,
desconexa,
Sem metas,
Exalando drogas
Se perde em meio a fumaça

Percorrendo vias expressas
De um cotidiano insano
Que te faz mergulhar em
atemporalidades.
Sem paradeiro,
descontente

Seria a lucidez,
uma escadaria ao paraíso
Destinada a dúvidas empiricamente
deslocadas
Sancionadas por uma chatice
sem precedentes
Exalada pelo suvaco de velhos
arrogantes, chatos e carentes,
Querendo mais
do que possuem?

E o mal viver,
criticado pelos conservadores
deposto pelos políticos
preso pela polícia,
Sobrevive
no pixo,
panfleto,
saliva
de quem quer mais
que mais valia.



Noite

A poesia embaçada
no sereno transpirado
Esfria no asfalto gelado
da cidade

Tão eterna
quanto a própria humanidade
Perpassando por cabeças várias
até uma se meter a escrevê-la

Que se há de fazer?
O enxame de luzes
segue adiante pela longa madrugada
sem começo
ou fim

Esperando
a cândida e desenfreada manhã
Para que com sua chegada
O bater de asas das aves
Dê ritmo
Ao longo pernoitar poético
de um bêbado
que se chama escuro.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

À vida

É, de tantas outras cousas,
importante saber
Todavia,
Toda via
é vida
Cujo sabor amargo
Embriaga até o mais sabido

Tem sorte
Quem passa despercebido
Em verso sem rima
Sem rumo
ou raiz
De costas
Consentindo o duvidoso
Sendo o interstício
da pele
e do esboço

Corre
Cansa
Sua

Vê o menino descalço?
Pelado dos pés
já andou todo o bairro
Mas sua casa é a rua

Por dentro
tem órgão
sangue e esperança
E no seu sorriso
as vezes sem dentes
Se esconde a pergunta
de tanta andança

Cansa
Corre
Sua

À vida real
quente fria
Crua

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O sol da cidade
ferve nossa mente
E, acontece,
não raramente,
de ficarmos cinza
e sermos cinza
e cheirar cinza,
Até que pinte
algo que nos pinte
de loucura,
nem saudável
nem pura.

Ocupando a alma
clareando a calma.

Chuva
de gotas de porvir
de bobagens de amor
de tempo,
de passou.

Donde vem tanta água,
meu Deus?

Nas calçadas,
enxurradas
de culpa,
enxugando as ruas
Trocando as cores
por algo que inda
não posso ver.

É certo
escrever
e não querer ler?

Para tantas questões
a lua é confidente
e guarda em seu fulgurante baú
o existir de minhas ações.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Devaneios alheios.

Pensamentos
de facebook.

O que você faz
quando se vê escrevendo
o que não fala?

Será a paz
que você reivindica
tão justa
quanto a sua crítica?

Respeito à tradição?
- Bata continência;
Seu destino traçado
é só uma consequência.

Sua essência
d'um programa de computador
Tem mais valor
que toda a vida e amor...

Por favor,
não me peça silêncio
por pura vaidade.

Sua fala
- de pura Moralidade,
é só mais uma cicatriz
na sua já morta
Liberdade.

domingo, 29 de setembro de 2013

A beleza do feio
A parede branca
pixada
O gosto de cocaína
na saliva amarga

Os projeteis
Os flagrantes
Do mesmo jeito
Igual a antes

As igrejas empresas
O governo imprensa
O crime
essência da consequência

O fim
O começo
O sem teto
O seu endereço

O que você diz
O que acha que pensa
A falta de controle
O controle remoto

O sentimento que clama
O proibido
O ilícito
Tudo assim
Parece ideal
Mas no fundo
É fictício

sábado, 14 de setembro de 2013

Gosto do que desafia
o que sou,
Do que insiste
no que não sou.

Sou, por assim dizer,
Estar efêmero
e quase alucinado
De tanta lucidez.

Brilho que cessa
o definido de ser,
Mais escuro
que o próprio escuro
E faz do tempo
seu escudo.

Alegria e tristeza,
desgostoso de gostar,
faltoso em desejar.
Almejo tudo
como quem vê a si mesmo
Desperto,
de um grande sonho
Confuso.

Dia bom

São desses dias
em que rir
é fugir;
A tarde 
cai devagar
no ritmo do cantar
de pássaros,
Com o peso
de uma folha caindo
ou a leveza
De um sorriso abrindo.

Dia bom
é desses impossíveis
não ter música,
café e emoção.
Queria era fazer isso
a vida inteira,
Disso tudo
fazer carreira.

Dia bom
pode ser som,
pode ser qualquer hora,
pode ser café com poesia
e até, amor e amora.
Só não pode
ser de ironia,
Fazer o que não queria

sorrir sem alegria...